Julian Vargas Art

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Sinhozinho de bonito

Autor: Julián Vargas.
Técnica: Pintura acrílica sobre Tela.
Dimensão: 90cm x 70cm
Data: 07 de 2022

ESPAÇO DE EXPOSIÇÕES NA GALERIA DE ARTES VISUAIS
21º FESTIVAL DE INVERNO DE BONITO – FIB 2022.

Considerando a temática proposta ‘viagem imaginário pela janela da história’, o artista Julián Vargas, seleciona um aspecto especifico da história popular da cidade de Bonito (MS), o Sinhozinho, figura relevante às práticas e costumes do local e conhecida através dos relatos e das práticas sócio espaciais dos devotos, consagrada, entre outras atividades, pela romaria à Capela do Sinhozinho do dia 12 de outubro.

O Sinhozinho é considerado um fenômeno particular e milagreiro em Bonito (MS), os relatos contam que caminhando próximo ao rio Mimoso, ele teve a função de levar o evangelho, fabricar cruzes e capelas em fazendas e em áreas próximas da cidade. Apareceu no ano de 1940, se comunicava por gestos e senhas, escondia seu braço esquerdo, realizava curas com cinza e agua, e sua alimentação era de frutas, peixes, mel e água. Nas representações artísticas, ele tem sido representado com roupas de tons claros, cabelos compridos e loiros, olhos azuis e pele clara.

Na pintura de Julián Vargas, realizada em pintura acrílica sobre tela, através da sucessão de camadas, com dimensão de 70cmx90cm, temos uma composição geométrica com dois figuras relevantes: no inferior um triângulo e no superior um círculo. Ambas as geometrias consideradas sagradas, no triângulo se representa a roupagem que cobre o senhorzinho, feita e tecida por diferentes elementos que remetem às aguas do rio, às cruzes de madeira e aos diferentes matizes naturais. O círculo, como um halo de luz divina na cabeça do Sinhozinho é formado por uma paisagem aberta com nuvens, que as madeiras do fundo deixam aparecer. No fundo, estas madeiras na cor café escuro com pequenas linhas da cor dourado, representam o material básico utilizado na construção de capelas e cruzes, e lembram elementos de grandiosidade e divindade.

Ainda que este fenômeno milagreiro é importante para a cultura popular, atualmente não é reconhecido pela igreja tradicional, pois demanda um processo de canonização, desde que o bispo dá início a beatificação até ganhar o título de santo pelo Papa desde o Vaticano, deixando na margem o debate à respeito de, por um lado, a devoção da cultura popular dos relatos ricos em histórias e imaginários, frutos das práticas sociais que emergem em contextos específicos, e por outro, a necessidade que a institucionalidade gere o reconhecimento e dê a importância devida.

Neste contexto, a obra de arte, ‘Sinhozinho de Bonito’, do artista Julián Vargas, retrata de modo humanizado este fenômeno milagreiro, mas agregando alguns elementos e características espirituais e grandiosas, o que convida ao espectador da obra, a debater e reconhecer o Sinhozinho como sendo parte da história da cultura popular e religiosa de Bonito (MS), cultuado na cidade, comemorado, e que representa a história viva da região.